O dilema dos dentistas

Sobre a influencia dos órgãos nos dentes

Peter von Buengner

Imagine que você é responsável por uma área e, em seguida, você é julgado pelo bom estado de manutenção desta área. O resultado vai depender dos seus conhecimentos, suas habilidades, sua dedicação e empenho. No entanto, isto só se aplica se sua área não é capaz de receber influências externas que a sabotagem.

Precisamente este é o dilema da odontologia: o dentista é responsável pela saúde da mandíbula e dos dentes e tem que lutar contra muitas influências que estão além de suas atribuições oficiais.

Além de higiene oral e hábitos alimentares de seus pacientes, há um outro fator do que a cada dia se fala mais em odontologia.

Durante décadas, a eletro-acupuntura trabalha com o conceito de “meridianos internos”. Entretanto, consciente de que parte dos meridianos que atravessam a superfície da pele não começam no ponto 1 e terminam no ponto do meridiano em questão, mas voltam novamente a fechar o círculo até o primeiro ponto do meridiano pelo interior do corpo.

Isto faz sentido: o fluxo de energia em uma linha reta se encontraria num beco sem saída, enquanto que um círculo fechado não opõe nenhuma resistência ao fluxo de energia. Através de pesquisas empíricas sobre eletroacupuntura verificou-se que todos os pares de meridianos  passam também pelos dentes. Também na medicina em geral se tem sabido desde há muito tempo que os dentes de siso purulentos podem causar problemas cardíacos e até mesmo ataques cardíacos, e a relação entre os dentes incisivos e a área urogenital, é também conhecido empiricamente. já que a os dentes caninos são também chamados de “dentes do fígado”, não é surpresa que o meridiano do interior do fígado – vesícula biliar passe através de lá.

O problema é que o dentista, que tenta dar o melhor tratamento a um dente especial, pode colidir com os seus próprios limites quando o dente afetado continua a se enfraquecer devido à doença dos órgãos que atinge o meridiano correspondente.

O dentista deve ser capaz de confiar em que não constrói sobre a areia e em que as forças auto curativas do corpo podem ativar a cura. No entanto, na prática, o oposto acontece com frequência. Segundo o diagnóstico orgânico se precisará de implantes ou pontes, porque não conseguiu estabilizar os dentes. Que, no fundo, não era um problema dentário, mas foi influenciado “por fora”.

Da mesma forma, o dentista não pode fazer nada quando os dentes que devem suportar uma ponte também finalmente cedem. Se o dentista deve fazer uma ponte desde um canino até um molar, depende de que os dois dentes possam suportar a ponte. Pode fazê-lo tão bem como poder. Se os dentes estão enfraquecidos devido a diagnósticos orgânicos que passam pelos meridianos correspondentes, não pode fazer nada e não tem mais que olhar frustrado como “cai” a ponte.

É o dente que sobrecarrega o corpo, ou vice-versa?

Se tratar-se de uma enfermidade grave dos dentes, a relação com órgão correspondente através dos meridianos existem sempre e temos de tratar tanto o dente e o órgão. Ou, dito de outra forma: se o corpo estiver saudável e o meridiano estável, o dente não teria tido nenhum problema e não teria enferma- do. Portanto, em caso de diagnósticos dentais graves, há que partir da base que é o órgão que sobrecarrega o dente.

É mais complicado nos diagnósticos crônicos.

Estes diagnósticos devem ser divididos em duas fases. Na primeira fase, o órgão sobrecarga severamente o dente até que sua condição se torne crônica. Se o diagnóstico do dente é crônico e é estável na segunda fase, pode dissociar-se do órgão correspondente. Neste caso, por exemplo, um dente morto pode retornar a sobrecarregar o órgão, que entrementes tinha curado através da conexão do meridiano.

Agora bem, não importa quem sobrecarregue quem, se considera-se o conjunto. Na realidade, não podem-se considerar os dentes de forma independente dos órgãos e os diferentes órgãos não podem ser divididos em grupos, como sucede nas especialidades (dentista, fonoaudiólogo, cardiologista, endocrinologista, etc.) Porque tudo está relacionado. Isso não é novidade: Goethe criticou o procedimento reducionista nas ciências naturais:

Quem aspira a descobrir e descrever uma coisa viva, procura acima de tudo para desvendar o espírito, têm então, as partes em suas mãos, apenas faltando, infelizmente, o vínculo espiritual.

O dentista pode descobrir no estado dental, possíveis sobrecargas e enfermidades que o médico geral ainda não pode ver com as medidas de screening (rastreio?) das que dispõe.

A saúde bucal é um reflexo do estado dos órgãos do corpo, porque os dentes estão expostos, oferecem uma boa referência com um olhar e, se necessário, se pode fazer uma radiografia. É bastante comum que o dente seja o primeiro portador de sintomas, mesmo antes de um dos órgãos relevantes também atraia a atenção. Sempre toca o elo mais fraco da cadeia, e este é geralmente um dente. Além disso, isto permite a detecção precoce no melhor sentido – sem efeitos colaterais.

Se a observação de um único dente já dá informações valiosas, a avaliação odontológica de todo o estado deveria subir mais um degrau. Pois, como todos os meridianos estão igualmente representados em cada um dos quatro quadrantes, existe a possibilidade de investigar um estado, existe a possibilidade de investigar um estado de modo a veri- ficar quais meridianos têm o pico de carga na soma dos quatro quadrantes. Você apenas tem que avaliar quais pares de meridianos são mais afetados pela condição dentária e, na seqüência de uma investigação de rotina de exames odontológicos, ter uma visão geral que dá uma idéia exata de como os órgãos são provavelmente enfraquecidos pelos dentes pela conexão com os meridianos.

Duas possíveis soluções

Se após avaliação por parte dos meridianos foram descobertos quaisquer órgãos que os dentes podem sobrecarregar além do âmbito da medicina dentária, pode-se alertar aos pacientes sobre a relação entre os diagnósticos orgânicos e problemas dentários e aconselhar-lhes que façam tratar os órgãos em questão.

A segunda possibilidade seria a de tratar diretamente com os dentes, reforçando os meridianos afetados. Neste caso, ainda estaríamos falando de um tratamento odontológico, mas, através dos meridianos esse tratamento chegaria também aos órgãos afetados, fazendo alguns “efeitos colaterais” favoráveis. Já que tudo está ligado a tudo, o dentista pode trabalhar a nível global sem ter que deixar a sua área de competência.

Os beneficiários desta forma de pensar e de se proceder seriam os pacientes, que invés de trabalhos de reparação de sintomas, experimentariam uma terapia causal que, além disso, poderia ainda assegurar a saúde dos seus dentes. Como diz o lema adaptado “Dens sano in corpore sano”.

Figura 1: A correspondência entre os órgãos e os dentes tem sido conhecida há décadas. No entanto, praticamente só a eletro-acupuntura usou estes conhecimentos até a data.

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